ter. maio 13th, 2025

A Chegada de Ancelotti Traz Alívio para um Ednaldo Pressionado

Quem acompanha o cotidiano da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sabe que o ambiente por lá é extremamente volátil. O que é certo hoje pode se tornar incerto amanhã, ou mesmo uma negativa pouco depois. Um aliado pode virar adversário na próxima reunião, dependendo de uma única decisão. Oito vice-presidentes eleitos em uma chapa supostamente “de consenso” podem, na prática, ser apenas um arranjo temporário para assegurar votos, e não necessariamente estabilidade duradoura. Dizer “não” a um presidente, qualquer que seja, significa correr o risco de se tornar persona non grata. É precisamente por toda essa dinâmica que a contratação de Carlo Ancelotti para comandar a Seleção Brasileira assume uma dimensão ainda maior.

Como a vinda de Ancelotti pode mitigar a pressão sobre a gestão de Ednaldo Rodrigues na presidência da CBF?

O treinador italiano era o desejo primordial do presidente Ednaldo Rodrigues desde dezembro de 2022, quando Tite deixou o cargo após a Copa do Mundo no Catar. Seu anúncio finalmente ocorreu em 12 de maio, passados 30 meses, período que incluiu até mesmo uma renovação de contrato de Ancelotti com o Real Madrid. Durante todo esse tempo, inclusive nos primeiros meses de 2025, Ancelotti conduziu as negociações nos termos que lhe convinham, a ponto de ligar pessoalmente para Ednaldo no início do mês e definir os pontos finais da contratação.

Quinze anos atrás, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, havia escolhido Muricy Ramalho para liderar a Seleção no ciclo da Copa do Mundo de 2014. Encontrou-se com o técnico no Rio de Janeiro e saiu declarando Muricy como o novo comandante. No dia seguinte, o treinador anunciou que permaneceria no Fluminense. Nunca mais foi considerado para qualquer posição na CBF. Imagine, então, gerenciar uma negociação por dois anos e meio, como fez Carlo Ancelotti!

E Ednaldo Rodrigues aceitou essa longa espera (“cozimento”) mesmo em meio a uma enxurrada de críticas e desafios que parecem surgir de todos os lados. Ele é criticado pela inércia diante do desempenho insatisfatório da Seleção nos últimos anos; pela situação complicada da arbitragem brasileira; pela forma como conduz a CBF; e precisa se defender no cargo perante uma série de ações judiciais movidas por opositores. Poderia ter optado pela solução mais simples desde o início: investir pesadamente para trazer qualquer outro técnico de renome. Em vez disso, escolheu esperar e sustentar sua vontade de ter Carlo Ancelotti. Conseguiu, em uma demonstração de determinação que certamente impactará alguns de seus adversários.

Anúncio de Ancelotti por Ednaldo é Feito de Modo Protocolar

Contudo, no vídeo em que anuncia a contratação de Ancelotti (mencionado anteriormente), Ednaldo Rodrigues aparece com semblante sério e fala em tom quase solene. Não há um sorriso ou demonstração de entusiasmo. O presidente da CBF se mantém formal e protocolar.

A imagem sugere um dirigente que, apesar de ter alcançado uma conquista significativa nesta segunda-feira, parecia preocupado com outras questões. Havia, por exemplo, uma audiência agendada para poucas horas depois a fim de verificar a autenticidade da assinatura do Coronel Nunes em um documento crucial para a manutenção de Ednaldo na presidência da CBF — documento que a entidade afirma ser totalmente legal. A audiência acabou sendo adiada.

Mas Ednaldo Rodrigues está ciente de que, na CBF, as vitórias políticas ou pessoais são efêmeras. Uma espera de trinta meses só se justifica quando o nome em questão é Carlo Ancelotti.

Carlo Ancelotti e Ednaldo Rodrigues
O anúncio de Carlo Ancelotti trouxe algum alívio para a pressão sobre Ednaldo Rodrigues.

By João Paulo Mendonça

João Paulo Mendonça é um jornalista esportivo experiente do Rio de Janeiro com 15 anos de experiência cobrindo futebol brasileiro. Seus artigos sobre os bastidores dos clubes e entrevistas exclusivas com estrelas em ascensão são publicados regularmente nas principais publicações esportivas do país.

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