As recentes alterações no calendário do futebol brasileiro, divulgadas pela CBF, demandarão um “novo conceito de planejamento e treinamento” para os clubes. Essa é a avaliação do professor Elio Carravetta, ex-preparador físico do Internacional e um especialista renomado na área. Segundo Carravetta, o calendário apertado significa que `a pré-temporada, como a conhecemos hoje, deixará de existir`.
Em 2025, a Série A do Campeonato Brasileiro encerra em 7 de dezembro. Com os 30 dias de férias a que têm direito, os jogadores só se reapresentarão em 6 de janeiro de 2026. Isso lhes concederá meros cinco dias antes do início dos campeonatos estaduais. Para Carravetta, essa será a nova `pré-temporada` dos clubes, e a preparação física para o ano deverá ser construída durante as primeiras semanas de competição.
“A pré-temporada não existirá mais; ela será incorporada aos próprios jogos. A estratégia de preparação exigirá a criação de um modelo de planejamento completamente novo”, pontuou Carravetta.
A importância do comprometimento dos jogadores
Para o especialista, a regularidade na vida dos atletas será um fator crucial nesse novo cenário.
“Com um calendário tão apertado, a preparação física dependerá cada vez mais da autodisciplina e do comprometimento dos próprios jogadores. É fundamental que eles mantenham uma vida regrada e uma conscientização constante sobre seus cuidados”, ressaltou.
Carravetta, que possui mestrado e doutorado em Educação Física, reforça que o conceito de pré-temporada está com os dias contados.
“O período tradicional de 15 a 20 dias, com uma semana focada exclusivamente em trabalhos físicos, é algo do passado. De agora em diante, a preparação física será desenvolvida em conjunto com os aspectos técnicos e táticos, com uma progressão de cargas aplicada nos treinos e durante os próprios jogos”, explicou.
O novo planejamento das equipes
Nesse contexto, o planejamento estratégico das equipes será ainda mais vital, conforme enfatizado por Carravetta:
“É benéfico para os clubes manterem a maior parte de seus jogadores e da comissão técnica. A estabilidade no elenco e na equipe de apoio acelera a adaptação organizacional aos novos desafios físicos. Quando jogadores e profissionais já se conhecem, a fluidez do trabalho é muito maior”, comentou.
O especialista também destacou que o perfil dos atletas será um diferencial nesta nova fase do futebol brasileiro:
“O perfil do jogador se torna crucial. Aspectos como idade, experiência, comportamento dentro e fora de campo e o comprometimento com o projeto do clube e da comissão técnica precisam estar alinhados. Isso tudo integra o novo conceito de planejamento e treinamento que passaremos a adotar”, concluiu.
Henrique Oliveira Santos