sex. jun 6th, 2025

A seleção brasileira empatou em 0 a 0 com o Equador em Guayaquil, na última quinta-feira (5), ocupando provisoriamente a quarta posição na tabela das eliminatórias com 22 pontos. Havia grande expectativa da minha parte para essa partida, buscando entender o impacto da chegada do novo treinador, Carlo Ancelotti, nos jogadores e na postura da equipe em campo. Vamos analisar alguns aspectos táticos observados nessa estreia.

Como previsto, a Seleção entrou em campo no esquema 4-3-3, mas é possível que, com o tempo, Ancelotti revise essa formação tática. Embora não seja o ponto mais crucial, o técnico pode perceber que os meio-campistas disponíveis talvez não possuam as características ideais para essa estrutura, especialmente na fase de construção de jogadas com a posse de bola.

Um primeiro tempo focado na defesa

Uma mudança notável logo na primeira etapa foi o posicionamento de Casemiro, frequentemente recuando entre os zagueiros para formar uma linha defensiva de cinco jogadores. Essa variação tática trouxe mais solidez defensiva, e o saldo de não ter sofrido gols é um ponto positivo inicial. A equipe brasileira atuou a maior parte do primeiro tempo com linhas baixas, permitindo que o Equador circulasse a bola no meio-campo, mas impedindo investidas em profundidade na área.

Casemiro recuado entre os zagueiros
Casemiro se posiciona entre os zagueiros, criando uma linha de 5

É relevante destacar que o Brasil ganhou 52% dos duelos aéreos e 59% dos confrontos totais durante a partida. Isso demonstra que, na disputa física pela posse de bola, a Seleção teve um bom desempenho. Representa um início promissor para uma equipe que, em jogos anteriores, aparentava pouca intensidade nesse aspecto, permitindo que os rivais dominassem as ações, criassem inúmeras oportunidades e marcassem gols com facilidade.

Há muito trabalho pela frente

Um ponto que eu esperava observar na equipe de Ancelotti e que ainda não foi visível é a persistente determinação em buscar a vitória, aquele “instinto matador”. Refiro-me àquela característica que sempre foi uma marca distintiva das grandes seleções brasileiras ao longo da história, e que esta geração, aparentemente, não possui. Possivelmente, o trabalho psicológico e de mentalidade competitiva será o maior desafio para Ancelotti no comando da Seleção.

Com a posse de bola, fica evidente que há um longo caminho a percorrer no aspecto ofensivo. A equipe mostrou-se bastante desorganizada, com pouca sincronia nos movimentos, reflexo da falta de treinos e do confronto contra uma seleção adversária sólida e bem preparada. Houve muitos erros de passe (apenas 83% de acerto), movimentações descoordenadas e um número baixo de finalizações: apenas três ao longo de todo o jogo. É difícil até mesmo avaliar o desempenho individual dos jogadores, visto que o jogo coletivo na fase de construção não funcionou. No entanto, isso é compreensível dentro do contexto atual de início de trabalho.

Pressão de Estêvão com setores distantes
Setores distantes durante a pressão alta comprometeram a jogada

Um destaque individual positivo foi a pressão exercida por Estêvão na primeira etapa, que por pouco não resultou em gol, talvez a melhor oportunidade criada pelo Brasil. Como ilustrado na imagem do lance (acima), essa ação não foi um movimento coletivo coordenado, pois os setores da equipe estavam distantes entre si. Nessa situação, o mais indicado seria que Estêvão, após recuperar a bola, tentasse a finalização pessoalmente. Contudo, essa jogada sinaliza que há potencial para desenvolver um time que realize pressão alta e saiba capitalizar esse tipo de oportunidade criada a partir da recuperação rápida da bola. Esta análise tática da estreia de Ancelotti aponta para um futuro promissor, no qual deposito minha confiança.

By Henrique Oliveira Santos

Henrique Oliveira Santos é um jornalista jovem e ambicioso de São Paulo, especializado em análise do mercado de transferências e análise tática de partidas. Seu olhar aguçado para o jogo e capacidade de prever futuras estrelas o tornaram popular entre os fãs de futebol.

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