Anthony Taylor, o renomado árbitro inglês que atua na Premier League, expressou seu descontentamento com a imensa pressão e os constantes abusos sofridos pelos árbitros no futebol contemporâneo. Em uma entrevista à `BBC Sport`, o juiz fez um apelo para que torcedores e dirigentes abandonem a expectativa de perfeição dos profissionais da arbitragem, revelando que a hostilidade nos estádios levou sua própria família a parar de frequentar os jogos.
Taylor, aos 46 anos, ressaltou que a mentalidade de “vencer a qualquer custo” tem um impacto devastador na saúde mental e na performance dos árbitros, abrangendo desde os profissionais da elite até aqueles que atuam nas categorias de base.
Quando você é incessantemente atacado por torcedores, comentaristas ou até mesmo ex-árbitros, isso, de forma inevitável, abala o psicológico.
O árbitro inglês, que atuou na Copa do Mundo de 2022, no Catar, recordou o incidente de 2023, quando foi alvo de hostilidade por parte da torcida da Roma no aeroporto de Budapeste, após a final da Europa League, conquistada pelo Sevilla. Naquela ocasião, o técnico José Mourinho o classificou como “vergonha”, resultando em sua suspensão por quatro partidas pela Uefa.
Foi a pior situação de abuso que vivi. Eu estava com minha família, e aquilo demonstrou o impacto que o comportamento das pessoas pode ter sobre os outros. Mesmo em um jogo onde não houve erros flagrantes, houve uma clara tentativa de encontrar um culpado.
Anthony Taylor e o VAR: Uma Expectativa Irreal de Perfeição
Taylor atribuiu ao uso do VAR a geração de uma “expectativa irreal de perfeição” no cenário do futebol.
As pessoas acreditam que a tecnologia resolveria todos os problemas, criando uma espécie de utopia. Isso está muito distante da realidade. Em um dia, reclamam que o VAR interfere excessivamente; no outro, cobram sua falta de intervenção. É simplesmente impossível contentar a todos.
O árbitro, que completa sua 17ª temporada na Premier League, reiterou que, embora aceite críticas, clama por um maior equilíbrio na forma como elas são apresentadas.
A análise é sempre unilateral. Ninguém destaca os aspectos positivos. É crucial compreendermos que a perfeição simplesmente não existe.
Apesar de todos os obstáculos, Taylor assegurou que sua motivação na profissão permanece intacta. “É, sem dúvida, um dos melhores trabalhos do mundo. Você está no coração da ação, na liga mais emocionante do planeta”, concluiu.
João Paulo Mendonça