Nesta quinta-feira, o Vasco realizou sua Assembleia Geral de Credores, buscando a aprovação do plano de recuperação judicial. Este plano detalha a forma de pagamento aos credores e a reestruturação das dívidas do clube e da SAF. A reunião, que ocorreu em um hotel na Barra da Tijuca e teve início às 14h (horário de Brasília), foi marcada por momentos de tensão e por um discurso bastante emocionado de um ídolo vascaíno.
Os Principais Credores do Vasco
A reunião foi bastante agitada, em grande parte devido a um aditivo ao plano que o Vasco apresentou na própria quinta-feira, pegando de surpresa parte dos credores e seus representantes.
Entre os credores presentes estavam ex-jogadores notáveis do clube, como Zinho, Jorginho e Valdir Bigode. Valdir, com um crédito de aproximadamente R$ 3,6 milhões, proferiu um discurso emocionante na abertura da assembleia. Ele expressou críticas à gestão do processo e exigiu mais respeito aos profissionais que marcaram a história do Vasco.
“Podem me processar, fazer o que quiserem. Irei até o fim. Esse dinheiro é meu, pertence à minha família. Eu trabalhei duro por ele, trabalhei… Tenho a coluna lesionada, três cirurgias… Joguei por outros clubes também, mas dediquei minha vida ao futebol para isso. Eu gostaria de ter o respeito de quem está administrando. Com todo o respeito a todos, as pessoas envolvidas estão recebendo seus salários em dia. E eu quero receber o meu. Tenho esperado pacientemente por quase 20, 21 anos. Recebi uma proposta contratual péssima. Não há respostas claras. Não sei se vocês vão entender. Não sei como isso será resolvido. O mínimo que sei, juridicamente falando – e não usarei palavras mais elaboradas, pois não estudei para isso – é que a fila deve ser respeitada. Dois milhões por mês, dois milhões e meio por mês… Continuam pagando os credores. Não falo por ninguém, mas sei que tenho amigos. Nunca quis passar na frente, porque os que estão à minha frente são meus amigos. Trabalharam comigo. Os que estão atrás também são amigos”, declarou o ex-atacante.

O administrador judicial tentou interromper o discurso, mas Valdir Bigode fez questão de continuar e concluir sua fala:
“Este é o único momento que me resta. Ninguém mais me ouvirá, assim como não me ouviram antes. Faz 21 anos que ninguém me escuta. Eu poderia ter feito diversos tipos de acordos. Fiquei pacientemente na fila, sou o número 33, e estava previsto para receber. Se não houvesse pessoas doentes e idosos passando na frente, para mim estaria tudo bem, pois está dentro da lei… Mas eu receberia somente no ano que vem. Espero que minha voz, mesmo que não surta efeito, me permita ir para casa com a consciência tranquila.”
A assembleia representa um passo crucial no processo de recuperação judicial do Vasco, visando resolver as dívidas acumuladas por décadas. A aprovação do plano está condicionada à aceitação dos credores, que analisam as propostas de pagamento apresentadas pelo clube e pela SAF.