Arsenal e PSG se preparam para o primeiro jogo da semifinal da Champions League 2024-25 nesta terça-feira (29). O confronto coloca frente a frente duas filosofias de jogo distintas, comandadas por treinadores altamente respeitados na Europa: Mikel Arteta e Luis Enrique. Ambos enxergam o futebol como um tabuleiro complexo, onde múltiplos “jogos” ocorrem simultaneamente dentro de uma única partida.
Observando as atuações de cada equipe nas quartas de final contra Real Madrid e Aston Villa, respectivamente, fica claro que os técnicos prepararam seus times com atenção aos detalhes específicos de cada adversário. Esta análise do Lance! detalha como Arsenal e PSG superaram seus desafios anteriores e quais são os pontos cruciais que precisam considerar para não dar vantagem ao oponente na semifinal.
⚽ O que o Arsenal fez para eliminar o Real Madrid?
No papel, o esquema inicial de Arteta se assemelha a um simples 4-2-3-1, adaptado com Mikel Merino atuando como um falso nove devido a desfalques. No entanto, em campo no Emirates Stadium, a estrutura se mostrou muito mais fluida. Com a posse de bola, o Arsenal frequentemente se rearranjava para um 3-2-2-3, lembrando o clássico esquema WM.
Lewis-Skelly, o jovem lateral-esquerdo, recuava para atuar como volante ao lado de Partey na fase de construção, enquanto Kiwior saía da linha defensiva para ocupar espaços laterais. Timber se posicionava mais aberto pela direita, deixando Saliba como único zagueiro central. Saka e Martinelli permaneciam abertos nas pontas, e Odegaard com Rice, liberados da necessidade de recuar tanto pela presença de Skelly, se moviam pelo campo buscando espaços no terço final.
Essa organização permitia que o Arsenal chegasse ao ataque com força total, envolvendo até sete jogadores na linha de frente para atacar a última linha do Real Madrid, enquanto Partey e Skelly também se projetavam. Essa movimentação criava indecisão na marcação do Real, que ficava perdido entre pressionar e esperar, abrindo espaços.

Em uma jogada de perigo, por exemplo, seis jogadores do Arsenal chegaram à área, com liberdade na entrada. A indecisão dos meio-campistas do Real em acompanhar gerou a oportunidade para Partey finalizar.


O padrão se repetiu em outra jogada no segundo tempo. A linha de ataque com cinco homens se posicionou na frente da área espanhola, e Skelly novamente avançou para participar da armação. Após driblar dois marcadores, a jogada resultou em duas defesas milagrosas de Courtois em chutes de Martinelli e Merino.

Embora a bola parada tenha sido importante nos primeiros gols, o terceiro gol do Arsenal contra o Real, novamente com a participação de Skelly no ataque, sacramentou a vitória na ida. Mikel Merino, desta vez, finalizou com sucesso no canto de Courtois, evidenciando a confusão na defesa adversária.


No entanto, o Real Madrid também teve chances na partida de ida, explorando a exposição defensiva do Arsenal. Arteta buscou corrigir isso na volta, no Santiago Bernabéu, sem abandonar completamente suas ideias. A equipe passou a atacar com seis homens e Skelly ficou mais fixo na lateral, especialmente com a vantagem no placar.
Ainda assim, em alguns momentos, o Real conseguiu encaixar contra-ataques e encontrar espaços. A falta de letalidade dos Merengues impediu que aproveitassem essas chances. Este é um ponto fraco que o PSG, especialista em transições rápidas e aproveitamento de superioridade numérica, pode explorar. Veja um exemplo dos espaços cedidos:

Mesmo com os espaços, o Arsenal foi mais eficiente na volta. Saka, movendo-se para o centro, recebeu um passe preciso e finalizou, aproveitando a desatenção da defesa do Real. Embora Vini Jr tenha dado uma pequena esperança ao Real, Martinelli encontrou espaço no final e garantiu a classificação.

Para conter o Arsenal, o PSG precisará de movimentos coordenados, evitando a indecisão que prejudicou o Real. As linhas defensiva e de meio devem se manter compactas para não gerar vazios. A construção do Arsenal é facilitada por passos em falso do adversário, então uma pressão coordenada é essencial, mesmo que alta.
⚽ O que o PSG fez para superar o Aston Villa?
O Paris Saint-Germain demonstrou menos solidez defensiva que o Arsenal contra o Real, concedendo espaços ao Aston Villa. No entanto, a letalidade ofensiva foi suficiente para garantir a vaga. Sem muitas variações táticas, o PSG atua em um 4-3-3 básico, contando com a velocidade e habilidade de seus atacantes: Desiré Doué, Dembélé e Kvaratskhelia.
A qualidade individual do trio ofensivo levou Unai Emery a optar por uma defesa postada, com oito, nove, às vezes até dez jogadores de linha na própria área. O PSG, sem grandes trocas de posição, confiou mais na capacidade individual para superar a retranca do Villa do que em uma troca de passes elaborada. Na partida de ida, Doué criou lances perigosos, sendo parado pelo goleiro Dibu Martínez e pela trave, antes de acertar o ângulo em outra tentativa, mostrando que as linhas fechadas do Villa não impediram as finalizações.


Enquanto o Arsenal conseguiu se defender bem na volta contra o Real, que teve dificuldade de criação, o PSG tem uma dinâmica diferente. As coberturas dos volantes, como Rice e Partey, precisarão ser impecáveis para evitar ser surpreendidos pela velocidade francesa.
Os outros gols da partida de ida contra o Villa evidenciaram o quanto o PSG de Luis Enrique gosta de explorar espaços. Em uma pressão desorganizada do Villa, Kvaratskhelia disparou e marcou um belo gol, com direito a drible. No terceiro gol, a falta de compactação defensiva permitiu que Kvara lançasse Hakimi em velocidade, que fechou o placar. Formas diferentes de atacar, mas sempre com qualidade.


Na volta, o PSG novamente mostrou sua força nos contra-ataques, abrindo vantagem com os laterais Hakimi e Nuno Mendes, que aproveitam a velocidade para conectar com os pontas. No entanto, a defesa sofreu com a ousadia do Villa, que marcou três vezes.
Os gols do Aston Villa surgiram em momentos em que a linha defensiva do PSG estava alta. Jogadores como McGinn variavam o posicionamento para explorar as falhas, atuando ora na construção, ora como um segundo atacante. Asensio, em uma das melhores chances do Villa para empatar, infiltrou-se nas costas da defesa do PSG de forma semelhante ao que Odegaard faz, mas falhou na finalização. Este é um defeito na marcação do PSG que o Arsenal pode buscar explorar.



🤔 Então, o que Arsenal e PSG podem fazer?
Em resumo, espera-se um confronto de ideias táticas interessantes e distintas ao longo dos 180 minutos. Ambas as equipes mostraram que podem adaptar seus “jogos” dentro da partida. Arteta e Luis Enrique são treinadores capazes de ler o jogo e fazer ajustes importantes durante o mata-mata.
Para o Arsenal, é crucial não ceder espaços ao PSG. Com um ataque veloz, os franceses são perigosos nas transições. Quando as linhas defensivas recuarem, a atenção nas coberturas será fundamental. No ataque, explorar as costas da defesa do PSG, onde Hakimi e Nuno Mendes podem ter dificuldade na recomposição e sobrecarregar o meio-campo, é uma estratégia chave.
Para o PSG, o alerta máximo é com as subidas de Lewis-Skelly pelo centro. Apesar da juventude, ele se mostrou um importante articulador na construção do Arsenal. Os movimentos de Mikel Merino, seja recuando para armar ou infiltrando na área, também merecem atenção. A bola aérea continua sendo uma arma dos ingleses. Para vencer, o controle do meio-campo será vital. Martinelli e Saka provavelmente terão a função de perseguir os laterais do PSG, exigindo cobertura e abrindo espaço para os jogadores centrais do Arsenal brilharem.
🧠 Tudo o que você precisa saber sobre Arsenal x PSG
Arsenal e PSG se enfrentam no jogo de ida da semifinal da Champions League. A partida será realizada no Emirates Stadium, em Londres, Inglaterra. O jogo está marcado para as 16h (horário de Brasília) e terá transmissão ao vivo no Brasil pelo SBT (TV aberta), TNT Sports (TV fechada) e Max (streaming).

