BRANDON WILLIAMS falou sobre suas dificuldades no Manchester United – e admitiu que não podia ser "100 por cento" honesto sobre elas na época por medo do que poderia acontecer.
Williams, 24, foi dispensado pelos Red Devils em julho passado, após um período de empréstimos e uma queda de rendimento.
O lateral-esquerdo não joga uma partida competitiva desde dezembro de 2023 e está sem clube desde o verão passado.
Agora, Williams falou sobre os tempos "sombrios" e os problemas fora de campo que cercaram sua saída de Old Trafford e seu período de empréstimo no Championship com o Ipswich Town.
No mês passado, Williams se declarou culpado de direção perigosa e direção sem seguro de terceiros após um acidente em alta velocidade.
O Tribunal de Chester Crown ouviu que Williams atingiu velocidades de 159 km/h com um balão na boca antes de se envolver no acidente de 119 km/h em agosto de 2023. Ele deve ser sentenciado em 9 de maio.
Williams foi mandado de volta para Manchester no meio de seu empréstimo ao Ipswich depois que o técnico Kieran McKenna – que o conhecia de seus dias na academia do United – disse a ele para tirar um tempo para se concentrar em seus problemas fora de campo.
Falando no podcast Fozcast do ex-goleiro da Inglaterra Ben Foster, Williams contou sobre não conseguir sair da cama e sobre sua família e amigos se preocupando com ele nos últimos tempos – com os problemas em parte desencadeados por amigos "apunhalando-o pelas costas".
Ele disse: "Meus amigos estavam preocupados comigo, Angel Gomes, Jimmy [James] Garner e D’Mani Mellor. Porque eu não estava treinando, estava ficando no meu apartamento, não estava me movendo, não estava saindo."
Ele acrescentou: “Naquele ponto, eu [perdi o amor pelo futebol], naquele ponto estava ficando demais para mim. Eram problemas com amigos, amigos pelas minhas costas – me apunhalando pelas costas.
"Eu estava ignorando minha família, eu realmente não estava falando com eles. Eles estavam realmente preocupados comigo, meus amigos também para ser justo. Eles podiam ver isso. Não estava certo.”
O ex-jogador internacional sub-20 e sub-21 da Inglaterra também revelou que chegou ao ponto com o Man Utd em que ele "não se importava" de treinar, tendo amado os três primeiros anos após entrar no time.
Williams sabia que algo não estava certo e procurou o psicólogo do Manchester United, Mick Farrell, para obter ajuda.
Ele explicou: "Sim, eu falei [com alguém]. Foi Mick Farrell no United. Ele era o psicólogo lá, eu o conheço desde que eu tinha uns 15 anos. Ele costumava me chamar o tempo todo.
"Quando eu não estava saindo do meu apartamento, eu estava literalmente ficando na cama. Ele costumava aparecer tipo 9 horas ou algo assim na minha cabeceira. Tentando fazer algo como `vamos dar uma caminhada, vamos tomar um café`."
Williams, que fez mais de 50 aparições pelo Man Utd, apontou a intensa pressão de jogar por um clube do tamanho do United como uma das razões para "perder o amor pelo futebol".
Ele acrescentou: "Com a mídia social, é o United. Você pode ter o melhor jogo e ainda receberá críticas, e minha família está lendo isso.
"É difícil explicar para eles. É literalmente impossível explicar e fazê-los entender que o clube é TÃO grande. Você não percebe o quão grande o clube é até você realmente jogar lá.
"100 por cento [é o clube mais difícil de jogar no mundo], 100 por cento. Eu não percebi o quão grande o clube era.
"Eu sabia o quão grande era, mas até eu ir para a pré-temporada ou ir para outro país – mesmo quando estou indo de férias para diferentes países.
"Eu fico tipo, estou no meio do nada e as pessoas me conhecem. É ridículo o quão grande o clube é.”
Mas navegar por essa pressão nunca foi fácil para Williams, que explicou que – em sua experiência – o futebol não tem uma cultura aberta quando se trata de falar sobre seus problemas.
Ele explicou: "Não. Ninguém faz [fala sobre isso]. Ninguém realmente fala se alguém tem um problema. Eu nunca experimentei isso de qualquer maneira.”
Foi essa cultura, e o medo de quais consequências poderiam surgir ao falar, que significava que Williams não podia nem ser honesto sobre seus próprios problemas ao falar com psicólogos do clube.
Ele explicou: “Quando estou tendo essas conversas [com psicólogos do clube], eu posso não estar dando a ele totalmente a verdade.
"É como, se eu disser isso a ele e ele apenas disser a uma pessoa… literalmente em um clube de futebol é um mundo pequeno. Quando uma pessoa faz uma coisa errada, será descoberta em cinco minutos. Se espalha tão rápido.
"Eu sempre fui cauteloso sobre o que eu deveria dizer e o que eu não deveria dizer.
"Em retrospectiva, eu preferiria falar com alguém fora do clube ou apenas ser absolutamente 100 por cento honesto com ele.”
Enquanto Williams não podia nem ter 100 por cento de certeza de que podia confiar nas pessoas ao seu redor, acrescentando: "É sombrio. É difícil também porque, muitas pessoas se importam, mas muitas pessoas se importam porque talvez não queiram perder o estilo de vida que tinham.
"Então eles ficam tipo `Vamos, vamos, precisamos que você volte. Precisamos que você faça tudo isso."
Agora ele sente que está pronto para voltar à ação, após meses de trabalho em sua forma física em um centro de taekwondo cheio de atletas olímpicos e trabalho duro em treinamento individual.
E ele não terá poucas opções, revelando que já recebeu ligações de todo o mundo para tentar contratá-lo desde o verão passado.
Ele disse a Foster: "Vou ter minha conversa [com meu agente atual] e ver qual é a situação. Mas eu tive muitos times, desde agosto mesmo, eu tive muitos times tentando me tirar.
"América, Europa, Inglaterra, Championship. Eu tive literalmente muitos times, mas eu simplesmente não estava pronto.
"Eu quero ir para algum lugar 100 por cento, [onde eu] 100 por cento sei para onde estou indo, 100 por cento focado e apenas seguir em frente. Quando chegar a essa fase, então vamos acabar tendo uma conversa.”
Henrique Oliveira Santos