A Confederação Africana de Futebol (CAF) finalmente trouxe clareza sobre o cenário incerto das Eliminatórias para a Copa do Mundo, mas, ao fazê-lo, acendeu uma nova chama de controvérsia. Um documento exclusivo, obtido por nossa reportagem e distribuído aos 54 países participantes, detalha as novas diretrizes para as equipes que almejam uma vaga na repescagem, especialmente após a retirada da Eritreia da competição.
A situação que levou à indefinição surgiu antes mesmo do apito inicial das Eliminatórias. A Eritreia, conforme reportado pelo `The Guardian`, optou por se retirar da disputa temendo que seus atletas pudessem fugir durante jogos realizados fora do país. Essa decisão deixou as equipes do Grupo E com dois jogos a menos em comparação com os outros grupos, criando uma clara desvantagem na busca por pontos.
O formato original das Eliminatórias da África estabelece que o vencedor de cada grupo conquista uma vaga direta para a Copa do Mundo de 2026. Paralelamente, os quatro melhores segundos colocados avançam para um playoff continental, cujo vencedor garante um lugar na repescagem intercontinental por uma chance de ir ao Mundial.
A saída da Eritreia colocava o segundo colocado do Grupo E em uma posição desfavorável, com dois jogos a menos para acumular pontos na corrida pelas vagas na repescagem. Para sanar essa desigualdade e nivelar a disputa entre as seleções, a CAF detalhou um novo critério de classificação.
Novo Critério da CAF Gera Polêmica e Pode Beneficiar Gigantes
No documento divulgado, a CAF instrui que os resultados obtidos pelas seleções contra os últimos colocados de cada grupo serão desconsiderados. Esta medida, embora visando a equidade, já levanta discussões por potencialmente beneficiar certas equipes em detrimento de outras na corrida pela repescagem da Copa do Mundo.
Seleções que, como vice-líderes, somaram seis pontos com duas vitórias sobre os lanternas de seus respectivos grupos terão esses pontos deduzidos. Um exemplo claro de equipe que se beneficia é Camarões: a seleção africana perderá apenas quatro pontos, resultado de um empate e uma vitória contra eSwatini em seus confrontos.
No cenário da classificação anterior ao novo critério, Gabão liderava com 22 pontos, seguido por Madagascar com 19. A República Democrática do Congo também tinha 19 pontos (em terceiro), e Burkina Faso vinha em quarto com 18. Camarões, com os mesmos 18 pontos, estaria na quinta posição, fora da zona de classificação para os playoffs, devido aos critérios de desempate.
Com a aplicação do novo modelo da CAF, a situação se altera significativamente: Gabão mantém a liderança, mas agora com 16 pontos. Camarões ascende à segunda posição, com 14 pontos. A República Democrática do Congo ocupa a terceira colocação com 13 pontos, seguida por Madagascar, também com 13, mas em quarto pelo critério de desempate.
Essa redefinição, no entanto, coloca Burkina Faso em desvantagem, tirando a seleção da zona de classificação para os playoffs das Eliminatórias e, consequentemente, das chances de disputar uma vaga na repescagem internacional da Copa do Mundo.
A Nigéria é outra seleção que pode colher frutos desse novo formato. Com 14 pontos, as “Super Águias” podem chegar a 17 caso vençam Benin na última rodada das Eliminatórias. Se alcançarem o segundo lugar no Grupo C, teriam apenas dois pontos descontados, devido a dois empates contra o Zimbábue. Contudo, sua classificação ainda dependeria de resultados desfavoráveis para Camarões, República Democrática do Congo e Madagascar.
