A atmosfera era festiva, com pubs abertos até mais tarde em celebração ao Dia da Vitória na Europa. Os torcedores do Chelsea saíram de Stamford Bridge para comemorar a fácil classificação do time para a final da Conference League.
Infelizmente, o jovem Reggie Walsh não pôde se juntar a eles. Com apenas 16 anos e 200 dias, o meio-campista não teria sido servido em um pub sem um documento falso.
Mas o estudante do ensino médio já estava eufórico apenas por se tornar o titular mais jovem do Chelsea em quase 60 anos na noite passada. Ele não precisava de uma cerveja para sentir vertigem.
A inclusão de Walsh na lista de titulares para uma semifinal europeia foi uma surpresa, considerando que ele só estreou pelo time Sub-18 do clube nesta temporada.
Também é época de exames, e a maioria dos garotos da idade de Walsh estaria ocupada estudando ou ansiosa para sentar em uma sala silenciosa e ser testada de forma diferente em seus exames (GCSEs).
O mais novo talento do Chelsea vindo da academia estava mais preocupado com um passe errado ou em encontrar dificuldades em sua grande noite.
Felizmente, seus companheiros de equipe mais experientes resolveram a situação, com Kiernan Dewsbury-Hall acertando um chute potente sete minutos antes do intervalo, aumentando o sofrimento dos fracos suecos.
O Chelsea agora está a caminho de Wroclaw – uma parte pitoresca da Polônia – e buscará fazer história ao se tornar o primeiro time a conquistar todos os seus troféus atuais em disputa: Champions League, Europa League, Supercopa e Conference League.
O pub Butcher`s Hook, em frente ao local onde o Chelsea foi fundado há 120 anos, teve permissão para ficar aberto até a 1h da manhã para comemorar um tipo diferente de vitória na Europa em 1945.
É improvável que Walsh jogue na final em 28 de maio, mas ele é considerado um jogador inteligente e calmo com a bola. Ele já representou a Inglaterra nos níveis Sub-16 e Sub-17.
É um mérito do Chelsea que você não precisa ser um levantador de peso para ter sua chance – Billy Gilmour é o principal exemplo disso.
Walsh saiu do banco na primeira partida na Suécia na semana passada para se tornar o jogador mais jovem a atuar pelo time principal desde Ian `Chico` Hamilton em 1967.
Com o confronto praticamente decidido, já que o time do técnico Enzo Maresca tinha uma confortável vantagem de 4 a 1 para esta partida de volta e o adversário – se é que podemos chamá-los assim – era realmente lamentável, era hora de relaxar e levar a renomada política de base do Chelsea a um novo nível “cara de bebê”.
Maresca utilizou o elenco mais jovem da Premier League nesta campanha, com uma média de apenas 23 anos e meio.
Isso é positivamente “grisalho” em comparação com o novato Walsh, que provavelmente só recebeu seu cartão de seguro social (National Insurance card) em outubro passado.
A noite teve uma sensação estranha. A um jogo de uma final em uma competição que o Chelsea nunca venceu, mas o banco de reservas era muito mais forte do que o time titular.
Além de Walsh, que parecia um “ator de série juvenil” no meio-campo pela esquerda, Josh Acheampong, de 19 anos, também foi escalado em um time bastante modificado.
Não que Maresca desrespeitasse o torneio, mas sim que o nível da competição que o Chelsea enfrentou nesta competição de terceira escalão foi, na melhor das hipóteses, de League One, e na pior, de ligas não profissionais.
Pode-se argumentar que, apesar de todo o barulho e alarde das hordas suecas que tomaram Stamford Bridge por todos os lados, o time deles foi um dos piores, apesar de chegar às semifinais.
Tanto que Marc Cucurella foi o único jogador a começar a partida de ontem à noite, tendo também sido titular contra o novo campeão da Premier League, o Liverpool, no fim de semana.
Que contraste alguns dias podem fazer no futebol.
Maresca estava claramente convencido de que a classificação estava garantida e tinha a mente em assuntos mais urgentes.
Ou seja, a tarefa de se classificar para a Champions League na próxima temporada, para que possam dar adeus a competições europeias “de terceira” como esta.
Uma viagem para enfrentar o Newcastle, quarto colocado, no domingo se aproxima, e com ambos os times empatados em pontos, é uma ocasião muito mais desafiadora do que a progressão tranquila da noite passada – ainda que para uma final.
Os “pesos pesados” do Chelsea foram mantidos na reserva no banco para manter as pernas frescas.
Cole Palmer, Enzo Fernández, o novo Jogador do Ano Moisés Caicedo e Nicolas Jackson estavam todos assistindo e esperando por uma pequena oportunidade, se necessário.
No intervalo, Maresca colocou o atacante Shumaira Mheuka – que era o titular mais jovem do Chelsea antes, tendo jogado em Copenhague nas oitavas de final.
Ainda com apenas 17 anos, ele manteve o recorde por apenas dois meses até que Walsh o superasse. O Chelsea é “garoto de azul” em todos os sentidos.
Henrique Oliveira Santos