O caso de racismo sofrido por Luighi, jogador do Palmeiras, durante a vitória do time por 3 a 0 contra o Cerro Porteño na Libertadores Sub-20, foi mais um triste exemplo de racismo que tem acontecido frequentemente nos estádios da América do Sul nos últimos anos.
Atos racistas, tanto de torcedores quanto entre os próprios jogadores, têm sido registrados em partidas da Libertadores, Sul-Americana, competições de base e até mesmo em torneios femininos organizados pela Conmebol. E, geralmente, as punições para os responsáveis se limitam a multas e ao fechamento parcial de alguma área do estádio.
O Lance! entrou em contato com a Conmebol para pedir informações sobre o número total de casos julgados e punidos nos últimos cinco anos, mas a entidade sul-americana não respondeu até o momento da publicação deste texto. O espaço continua aberto para resposta.
Porém, uma pesquisa rápida mostra que casos parecidos com o que aconteceu com Luighi quase sempre resultam nas mesmas punições: multa para o clube envolvido, fechamento parcial de um setor do estádio por um curto período e exigência de exibir faixas educativas.
Foi o que aconteceu no ano passado, quando o Boca Juniors teve que pagar uma multa de 100 mil dólares (cerca de 580 mil reais, na cotação atual), além de ter uma parte da Bombonera fechada. O motivo foram atos racistas contra torcedores brasileiros na semifinal da Libertadores de 2023, quando o time argentino jogou contra o Palmeiras.
O River Plate, grande rival do Boca, também recebeu uma punição parecida da Conmebol por atos de racismo de alguns de seus torcedores naquela mesma Libertadores. O caso aconteceu em junho de 2023, quando o Fluminense foi jogar no Monumental de Nuñez pela primeira fase do torneio. A multa foi de 100 mil dólares, e um setor do estádio também foi fechado.
No ano passado, o Botafogo foi multado em 60 mil dólares (346 mil reais) pela Conmebol por gestos racistas feitos por um torcedor no Nilton Santos contra jogadores do Palmeiras, no jogo de volta das oitavas de final da Libertadores. O próprio clube carioca proibiu o torcedor de frequentar os jogos do time.
Além do pagamento da multa, em todos esses três casos a Conmebol determinou que os clubes mostrassem mensagens contra o racismo em seus estádios e fizessem campanhas nas redes sociais.
A repetição de casos mostra claramente que as punições aplicadas pela Conmebol não têm tido muito efeito prático contra o racismo, já que não impedem que novos casos aconteçam.
Nesta sexta-feira, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, disse que vai pedir a exclusão do Cerro Porteño da Libertadores Sub-20 e que vai tomar “medidas drásticas” para garantir que os responsáveis sejam punidos.
— Nós vamos tomar medidas drásticas para punir os criminosos, pedir a exclusão do Cerro Porteño da competição por causa da repetida atitude racista que eles têm cometido contra o Palmeiras. Vamos ver se conseguimos resolver com a Conmebol, e se não conseguirmos, vamos até a Fifa. Vamos até a última instância — afirmou a presidente do clube.