sáb. nov 15th, 2025

Conselho Deliberativo Reprova Contas do Corinthians de 2024

O Conselho Deliberativo do Corinthians rejeitou, na última segunda-feira (28), as contas do clube referentes ao ano de 2024. A decisão, tomada durante reunião no Parque São Jorge, seguiu o relatório do Conselho de Orientação e Fiscalização (CORI), que apontou a existência de irregularidades financeiras, atraso na entrega de documentos, falta de transparência e um aumento considerável na dívida do clube.

O presidente Augusto Melo foi procurado pela reportagem para comentar a decisão, mas ainda não se manifestou até o momento. A matéria será atualizada assim que houver uma posição oficial do clube.

De acordo com o CORI, a dívida do Corinthians aumentou R$ 829 milhões em comparação a 2023, atingindo um patamar próximo à receita anual, que ultrapassou R$ 1 bilhão. O resultado da votação no Conselho foi claro: 130 votos pela reprovação das contas, contra 73 pela aprovação e 6 abstenções. Vale ressaltar que, antes mesmo do parecer do CORI, o Conselho Fiscal já havia recomendado a rejeição das demonstrações financeiras.

Em resposta às críticas, a atual gestão de Augusto Melo apresentou dados próprios para contestar o relatório do CORI. Segundo a diretoria, a dívida total do clube no final de 2024 era de R$ 1,869 bilhão. Desse valor, R$ 1,201 bilhão seria referente diretamente ao clube, e R$ 668 milhões corresponderiam à dívida da Neo Química Arena. A gestão argumenta que parte do endividamento, cerca de R$ 190 milhões, foi herdada de administrações passadas e que o crescimento da dívida é proporcional à estrutura patrimonial do Corinthians. A diretoria também rebateu o aumento de R$ 829 milhões apontado pelo CORI, afirmando que muitos desses valores já existiam em balanços anteriores ou são decorrentes de ajustes contábeis esperados.

Apesar da contestação da diretoria, o relatório do CORI detalhou uma série de falhas na gestão financeira do clube. Entre os problemas listados estão a ausência de balancetes mensais, a falta de atualização do orçamento ao longo do ano e a não entrega de documentos e esclarecimentos que haviam sido solicitados formalmente. O CORI também destacou gastos de R$ 4,8 milhões com cartões de crédito sem a devida especificação, a contabilização de valores arrecadados da torcida para ajudar a quitar a dívida da Arena como receita direta do clube, e a falta de transparência em contratos de patrocínio relevantes, como os da VaideBet e Pixbet. Outras críticas incluíram a contratação de prestadores de serviço sem contratos formais estabelecidos e a ausência de demonstrações contábeis consolidadas que juntassem as finanças do clube e da Neo Química Arena.

Mesmo com um crescimento expressivo da receita, que superou a marca de R$ 1 bilhão, o relatório do CORI indicou que o Corinthians não conseguiu controlar o aumento das despesas. As despesas financeiras, por exemplo, subiram mais de R$ 140 milhões, enquanto os gastos operacionais relacionados ao futebol aumentaram em mais de R$ 80 milhões. A reprovação das contas pelo Conselho Deliberativo intensifica a pressão política interna sobre a gestão de Augusto Melo e pode servir de base para futuros pedidos de impeachment ou fortalecer processos administrativos que já aguardam votação no clube.

Neo Química Arena, estádio do Corinthians
A dívida da Neo Química Arena impacta o balanço financeiro do Corinthians.

By João Paulo Mendonça

João Paulo Mendonça é um jornalista esportivo experiente do Rio de Janeiro com 15 anos de experiência cobrindo futebol brasileiro. Seus artigos sobre os bastidores dos clubes e entrevistas exclusivas com estrelas em ascensão são publicados regularmente nas principais publicações esportivas do país.

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