Inaugurada em 2014, a Neo Química Arena se consolidou como a casa do Corinthians e um dos estádios mais modernos e reconhecidos no Brasil. Situada no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo, a arena foi construída inicialmente para receber jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014. Desde então, ela sedia os jogos do Timão e diversos eventos importantes. Uma questão frequente entre torcedores e o público em geral é se o Corinthians detém a propriedade do estádio.
Afinal, o Corinthians é o proprietário da Neo Química Arena?
A resposta para a dúvida sobre a propriedade da Neo Química Arena é afirmativa: sim, o Corinthians é o dono. No entanto, a jornada para essa posse integral foi complexa, envolvendo financiamento, participação de diferentes parceiros e uma gestão financeira estratégica por parte do clube.
A construção da arena foi viabilizada com o apoio do poder público e recursos de financiamentos bancários. Com o passar dos anos, o clube trabalhou para consolidar sua posição como proprietário único do estádio. Este modelo de gestão e aquisição incluiu também um acordo de naming rights com a empresa farmacêutica Hypera Pharma, que confere o nome oficial ao local.
Nas seções seguintes, detalharemos a situação atual da propriedade da Neo Química Arena, explicaremos como o projeto foi estruturado, abordaremos a situação da dívida e discutiremos os planos futuros para o estádio do Corinthians.
Confirmação: O Corinthians possui 100% da Neo Química Arena
O Sport Club Corinthians Paulista detém a propriedade total da Neo Química Arena. O clube alcançou essa condição plenamente em 2022, após finalizar a aquisição das cotas que pertenciam a empresas parceiras envolvidas no projeto inicial de construção.
Durante a fase de construção, a administração da arena era realizada por meio de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE). Dessa SPE faziam parte o Corinthians, a construtora Odebrecht (responsável pela execução da obra) e a empresa Jequitibá Patrimonial. O acordo original previa que o Corinthians assumiria a propriedade total da arena após cumprir as obrigações contratuais e financeiras estabelecidas.
Em 2022, o Corinthians concluiu as negociações necessárias para adquirir as participações que eram da Odebrecht e da Jequitibá. Com essa movimentação, o clube passou a ser 100% proprietário da Neo Química Arena e, consequentemente, assumiu diretamente a gestão e a operação do estádio.
Detalhes sobre o financiamento da construção
A edificação da arena foi financiada majoritariamente por um empréstimo obtido junto à Caixa Econômica Federal. O valor inicial aproximado foi de R$ 400 milhões, que, corrigidos, ultrapassam atualmente R$ 600 milhões. Adicionalmente, o projeto contou com recursos provenientes de incentivos fiscais, como os da Lei de Incentivo ao Esporte, e créditos fiscais concedidos pela Prefeitura de São Paulo.
Em contrapartida ao financiamento, o Corinthians assumiu a responsabilidade pelo pagamento da dívida junto à Caixa. Hoje, o saldo devedor remanescente está em torno de R$ 611 milhões, com previsão de quitação completa dentro de um prazo de 20 anos.
Um elemento crucial para o pagamento dessa dívida é o contrato de naming rights firmado em 2020 com a Hypera Pharma. Esse contrato prevê um aporte de R$ 300 milhões ao longo de 20 anos. Os valores recebidos por meio desse acordo são direcionados para amortizar parte do saldo devedor com o banco estatal.
O Naming Rights: Neo Química Arena
Desde setembro de 2020, o estádio é oficialmente conhecido como Neo Química Arena. Este nome é resultado do contrato de naming rights estabelecido com a Hypera Pharma. A marca Neo Química é uma das linhas de medicamentos mais conhecidas da empresa e já possuía histórico de patrocínio ao Corinthians em oportunidades anteriores.
O contrato de naming rights estipula pagamentos anuais de R$ 15 milhões, totalizando R$ 300 milhões ao longo de duas décadas. Além de ser uma fonte direta para a redução da dívida, esta parceria reforça a identidade comercial do estádio, alinhando-se às práticas comuns de grandes arenas esportivas ao redor do mundo.
O Futuro: Corinthians avalia abrir capital de parte do estádio na bolsa
Com o objetivo de buscar novas estratégias para acelerar a quitação da dívida pendente, o Corinthians considera a possibilidade de ofertar até 49% das cotas da Neo Química Arena no mercado financeiro. A ideia seria a criação de um fundo imobiliário (FI) cujas cotas seriam negociadas na Bolsa de Valores (B3), permitindo que tanto investidores institucionais quanto torcedores interessados adquiram uma participação no empreendimento.
Apesar dessa potencial abertura, o clube mantém a intenção de preservar o controle majoritário (detendo 51% ou mais das cotas) e a gestão da arena. A finalidade dessa operação seria captar recursos significativos com a venda das cotas para antecipar o pagamento da dívida com a Caixa, proporcionando assim maior flexibilidade financeira ao Corinthians.
Este modelo de Fundo Imobiliário já é aplicado em diversos empreendimentos imobiliários e arenas esportivas em outros mercados e pode se configurar como uma estratégia promissora para o clube fortalecer ainda mais a saúde financeira relacionada ao estádio.

