qui. maio 1st, 2025

De Mbappé ao fim de Seleção: um ano confuso de Carlo Ancelotti

A citação `Tenho um sonho em minhas mãos. Amanhã será um novo dia. Certamente eu vou ser mais feliz` abre o texto, mas a realidade para Carlo Ancelotti é outra. Ele não será o técnico da Seleção Brasileira. Segundo o `Marca`, o Real Madrid barrou o acordo devido à falta de consenso sobre a multa rescisória. Assim, o desejo de Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), de contar com o treinador italiano para a Copa do Mundo de 2026, chegou ao fim.

A temporada de 2024-25 se mostrou confusa para Carletto. Entre o interesse da CBF e momentos de atrito com a torcida merengue, o técnico pentacampeão europeu viveu altos e baixos nos últimos meses. Relembramos os principais acontecimentos:

🔰 Ancelotti e a Seleção: o ciclo do “quase”

PRELÚDIO: O desejo da CBF

Após a Copa do Mundo de 2022, Tite encerrou seu ciclo de seis anos com a CBF. A confederação mirou Carlo Ancelotti, que tinha contrato com o Real Madrid até junho de 2024. Para preencher a lacuna enquanto negociava, Ednaldo Rodrigues nomeou Ramon Menezes, técnico da Sub-20. Prazos foram definidos e, muitas vezes, adiados. Ednaldo chegou a viajar para a Europa em busca de um desfecho. Publicamente, prometeu uma definição para 25 de maio, o que não ocorreu. Depois, 30 de junho, sem sucesso. Com a derrota da Seleção para Senegal por 4 a 2 sob o comando de Ramon, dez dias antes, a situação se tornou urgente.

Em julho de 2023, veio o anúncio: Fernando Diniz seria interino até a Copa América de 2024, e Ancelotti assumiria depois. A CBF afirmava que estava tudo certo, embora o próprio técnico insistisse em negar o assunto publicamente. Até mesmo em uma visita à Universidade de Parma, onde recebeu um título Doutor Honoris Causa, foi apresentado como “futuro treinador do Brasil”.

Cinco meses depois, o contrato de Ancelotti com o Real Madrid foi estendido até 2026, encerrando o sonho inicial. Em resposta, Dorival Júnior foi anunciado em 10 de janeiro, credenciado por títulos como a Copa do Brasil por Flamengo e São Paulo, e a Libertadores pelo clube carioca. Ancelotti, por sua vez, conquistou mais uma Champions League pelo Real Madrid, confirmando que sua permanência foi acertada para sua carreira.

ATO 1: A chegada de Mbappé

O Real Madrid era o atual campeão de La Liga e da Champions League. Enquanto o presidente da CBF buscava seu sonho de um ano e meio, Florentino Pérez concretizava um objetivo de mais de cinco anos: Kylian Mbappé deixou o Paris Saint-Germain e chegou sem custos a Valdebebas. A contratação gerou discussões por Mbappé ser ponta-esquerda, mesma posição de Vini Jr, que na época era cotado para a Bola de Ouro.

No primeiro jogo oficial, a resposta foi imediata: gol de Mbappé, assistência de Vinícius para gol de Valverde, e vitória por 2 a 0 sobre a Atalanta para conquistar a Supercopa da Uefa. Parecia que nada daria errado. Apenas parecia.

Mbappé comemora gol pelo Real Madrid na Supercopa da Uefa
Mbappé em ação pelo Real Madrid.

ATO 2: Problemas com lesões

Ancelotti passou a enfrentar um grande número de lesões no elenco. Éder Militão, peça fundamental na defesa, rompeu o ligamento do joelho, assim como Daniel Carvajal. O setor defensivo foi o mais afetado: Rüdiger, Alaba, Mendy… Em diferentes momentos, grande parte dos zagueiros e laterais visitou o departamento médico. Isso levou a um desgaste maior do elenco e à improvisação de jogadores como Tchouaméni e Valverde na zaga, além da subida do promissor Raúl Asencio.

No ataque, a torcida merengue rapidamente notou os problemas. Rodrygo, longe de seu melhor momento, foi ofuscado. Vini Jr e Mbappé, muitas vezes “batendo cabeça”, pareciam não se entender. Bellingham acumulava responsabilidades, e o meio-campo sentia a falta do “regente” aposentado Toni Kroos. Na área, faltava um camisa 9. A saudade de Benzema era grande, ou que fosse Joselu para cumprir o papel.

ATO 3: As primeiras derrotas

É sabido, especialmente desde a época de José Mourinho, que Florentino Pérez não tolera derrotas para o Barcelona. No turno de La Liga, o Real foi goleado por 4 a 0, se distanciando da liderança nacional.

Se o Mundial de Clubes trouxe um alívio com o título sobre o Pachuca, a Supercopa da Espanha apresentou a primeira grande ferida. Novamente contra o Barça, na Arábia Saudita, o Real foi atropelado: 5 a 2, com destaque para Raphinha e Lamine Yamal.

ATO 4: A eliminação na Champions

Se no âmbito nacional o Real não encontrava o encaixe perfeito, a esperança estava nas lendárias noites europeias. Na Champions League, o time superou Manchester City e Atlético de Madrid, e enfrentaria o Arsenal nas quartas de final. A expectativa era por um confronto digno e um respiro para Ancelotti.

Contudo, tanto no Emirates Stadium quanto no Santiago Bernabéu, o que se viu foi um domínio avassalador do Arsenal. Um placar agregado de 5 a 1, incluindo um 3 a 0 no jogo de ida. Na volta, o gol de Martinelli, marcado quase no último lance após arrancar com campo livre e driblar Courtois, simbolizou a fase do time: um Real Madrid abatido, sem reação e com pouca energia. O desgaste do treinador era visível.

ATO 5: O retorno da esperança brasileira

Ednaldo Rodrigues voltou a acompanhar a situação de Ancelotti diante dos tropeços do Real Madrid. Em março, Dorival Júnior foi demitido após a goleada sofrida para a Argentina em Buenos Aires e meses de um futebol sem brilho. A situação se alinhava perfeitamente, nos mesmos moldes de 2023: crise de Ancelotti no Real Madrid e reabertura das conversas.

Além da perseguição ao Barça em La Liga, restava a Copa do Rei. A final seria novamente contra o Barcelona, uma oportunidade de vingança. Porém, mesmo longe de ser um massacre, o Real Madrid foi derrotado na prorrogação no sábado (26) por 3 a 2, com gol decisivo de Koundé. Um gol que parecia decretar o fim do trabalho de Ancelotti no clube.

Carlo Ancelotti lamenta derrota do Real Madrid na final da Copa do Rei
Carlo Ancelotti, que não vai para a Seleção, lamenta derrota do Real Madrid para o Barcelona na final da Copa do Rei.

ATO 6: O fim do sonho brasileiro

O otimismo na CBF e no povo brasileiro voltou a ser palpável após a final da Copa do Rei. Parecia apenas questão de tempo para que um acordo fosse selado. No entanto, o sonho chegou ao fim por falta de acerto. A CBF esperava que o Real Madrid demitisse o italiano antes do Mundial de Clubes. Florentino Pérez, porém, manteve sua posição e decidiu esperar pela competição intercontinental. Ednaldo Rodrigues, por sua vez, desistiu do acordo. Fim do sonho verde e amarelo.

A novela entre Seleção Brasileira e Ancelotti termina de forma dramática, digna das tramas que cativaram o público. E agora, Jorge Jesus surge novamente como um possível favorito para o cargo. Uma nova novela se inicia na Confederação.

By Henrique Oliveira Santos

Henrique Oliveira Santos é um jornalista jovem e ambicioso de São Paulo, especializado em análise do mercado de transferências e análise tática de partidas. Seu olhar aguçado para o jogo e capacidade de prever futuras estrelas o tornaram popular entre os fãs de futebol.

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