Fernando Diniz foi oficialmente apresentado como novo técnico do Vasco no início da tarde desta quinta-feira (15). Em suas primeiras declarações, o treinador afirmou sentir-se mais preparado agora do que na época em que comandou o Fluminense.
Para mim, o verdadeiro campeonato é diário. Para sermos exemplos de pessoas, não precisamos necessariamente ganhar troféus. Isso será o efeito, não a causa. Temos controle sobre a causa. Quando os problemas aparecem, tendemos a adiá-los, mas ninguém os encara para resolver. Precisamos de muito trabalho, de muitas pessoas. Estou muito feliz por estar aqui, estou mais preparado do que quando assumi o Fluminense. Espero poder ajudar.
Ao ser questionado sobre a utilização de jogadores da base, Diniz demonstrou cautela. O novo técnico do Vasco não quer gerar expectativas excessivas na torcida sobre quais atletas podem se destacar no time principal.
Eu realmente gosto de trabalhar com a base. Já venho avaliando. Ontem assisti ao jogo (do Sub-20), tenho informações desde o início das negociações. Não quero citar um jogador específico para não criar uma expectativa grande e uma cobrança desnecessária depois. Podem ter certeza que, quanto mais treinarmos, trarei os jogadores para observar se estão prontos. Temos pressa em lançar jogadores da base, mas se forem escalados no momento errado, a torcida pode perder o interesse neles. Todos querem jogadores da base, são jovens, patrimônio do clube e evoluem rapidamente. Se houver condição, terei um olhar especial para eles.
Diniz reencontrará a torcida vascaína neste fim de semana. O Cruz-Maltino volta a campo no sábado (17) para enfrentar o Fortaleza, pela 9ª rodada do Campeonato Brasileiro. A partida está marcada para as 17h30, em São Januário.

Confira outras declarações de Fernando Diniz, novo técnico do Vasco:
REFORÇOS
Não indiquei absolutamente ninguém, zero. Começaremos a conversar de forma mais específica a partir de hoje. Não adianta dizer que vamos contratar um monte de jogador, seria incoerente quando digo que temos um bom elenco. Temos um bom elenco. Há jogadores aqui que podem render mais. Pontualmente, precisamos acertar nas contratações. Não gosto de contratar muita gente. A chance de acertar em contratação não é fácil, ainda mais com o orçamento que o Vasco possui. É preciso ter muito cuidado, ser muito criterioso para aumentar nossas chances de sucesso na hora de contratar.
VISÃO SOBRE FUTEBOL
Acho que futebol, para mim, é onde imprimo meus conceitos de vida. Precisa haver vida no futebol. Então, é muita repetição de treino, comprometimento dos jogadores. E uma coisa que me fez vir para o Vasco é que percebo que é um time que trabalha, nunca vi falta de vontade nos jogos do Vasco quando assistia. Faltavam outras coisas. E para dar certo, a capacidade de trabalhar e de entrega é um dos fatores fundamentais para que meu trabalho aconteça.
E vejo muito isso aqui, acredito que o primeiro tempo do jogo do Vasco contra o Lanús foi a melhor das minhas estreias, o primeiro tempo. Não pelo resultado, porque perder é sempre horrível. Mas no primeiro tempo, de ver conceito de jogo, a boa vontade dos jogadores, a imensa capacidade deles de se esforçarem para entender e ter coragem para aplicar. Jogar lá contra o Lanús nunca é fácil e acredito que fizemos um jogo muito coerente. Portanto, o primeiro tempo foi um sinal muito positivo para o Vasco da Gama.
PHILIPPE COUTINHO
Acho que é indispensável. Para mim, é uma alegria e uma honra trabalhar com um jogador do quilate dele. Da geração do Neymar, é um dos caras mais talentosos que produzimos no Brasil. A carreira poderia ter sido mais brilhante para o jogador que ele é. Conto muito com ele. Nesse jogo, fez boa partida, precisa se soltar. Acredito que ele vai evoluir muito. Sempre um presente para o futebol brasileiro.
Outra coisa: é um jogador de uma simplicidade e humildade difícil de encontrar. Já o conheci na Europa, aqui em poucos dias percebe-se que é um jogador desprovido de vaidade, não faz uso de nada. Parece que está começando hoje, ele agrega muito ao Vasco.
METAS NO VASCO
É um prazer estar aqui de volta ao Vasco. Sempre que estive aqui e no Rio de Janeiro, a convivência foi ótima. Se eu não achasse que teria chances, não teria vindo. Acho que há bons jogadores que, por alguns motivos, estão abaixo do rendimento, mas vamos trabalhar incessantemente para a equipe encontrar um bom caminho, pontuar no Brasileirão e avançar nas Copas.
DESEJO DE VOLTAR AO VASCO
Eu quis muito vir ao Vasco, todo mundo sabe, as coisas até vazam muito por aqui, que eu quis muito vir para cá. Tenho muito a acrescentar, essa é a base fundamental do meu trabalho, a relação que estabeleço com os jogadores. Quanto à torcida, é o maior trunfo do Vasco. É uma torcida diferente. Precisamos fazer com que o time corresponda ao anseio da torcida para criar uma conexão. Uma das minhas funções é essa, que o time consiga se conectar à torcida. É uma torcida muito diferente.
Estive aqui dois meses, mesmo numa Série B. Lembro que quando joguei aqui contra, década de 90, jogar em São Januário era a coisa mais linda, torcida cantando, tocavam as músicas. Então a torcida é diferente. Na Série B, parece que fiquei aqui dois anos, tanto pela intensidade da torcida quanto das pessoas. A gente se gosta. Para mim foi muito fácil querer voltar para cá, espero que as coisas possam andar bem.
ANÁLISE CONTRA O LANÚS
Isso já aconteceu no jogo do Lanús. Pelo que sei, jogadores gostaram de vir para cá. Estou de fato bastante confiante, muito feliz de estar aqui. Sei da dificuldade na tabela, nas copas, mas acredito no trabalho coletivo. Será um esforço de muitas mãos, não apenas da comissão técnica. Precisamos estabelecer isso o quanto antes para seguirmos bem.
Acredito que temos que atacar todas as frentes. Contra o Lanús, o segundo tempo foi determinante, já falei isso para os jogadores. Fiz eles refletirem. A ideia muito clara que tenho é que o gol aos oito minutos foi crucial, não começamos o segundo tempo mal, começamos igual ao primeiro. Quando sofremos o gol, o time perdeu energia, gerou desconfiança. Já tínhamos mostrado que podíamos ganhar. Quando tomamos o gol, parece que desistimos de ganhar. Ao mesmo tempo, o que há de positivo?
Jogar como jogamos o primeiro tempo lá não é fácil, há mais aspectos positivos do que negativos. O que temos que fazer? O time não pode desmoronar quando sofre o gol, futebol é como a vida. Poderíamos criar mais ânimo, vamos virar o jogo. Se tivéssemos virado o jogo, seria muito mais legal. Aprenderemos com esse momento adverso, temos que trabalhar muito essa parte. Esses momentos de declínio no futebol nos ensinarão muitas coisas para formar um time forte. Vamos priorizar algum campeonato?
PRIORIZAR COMPETIÇÕES
Em princípio, vou priorizar o próximo jogo. O Fortaleza, depois o Operário… Se em algum momento acharmos que temos que priorizar, vamos priorizar. Temos que priorizar o jogo seguinte.
PEDRINHO E FELIPE
O fato de o Pedrinho estar aqui, e o Felipe também, foi um fator decisivo para eu vir para cá. Quem vai me comandar é um fator muito importante. Dois trabalhos muito bons que fiz em camisas pesadas, no São Paulo e no Fluminense, eu jamais faria sozinho. Essa figura acima de mim, se ela acredita em mim, eu também acredito que o trabalho vai compensar. Se pensar só em ganhar, esquece que é preciso trabalhar para ganhar.
Se uma pessoa que vai me comandar está conectada apenas com o resultado de quarta e domingo, a chance de não dar certo é grande. No São Paulo, fui muito bem suportado. Tivemos momentos de dificuldade, que achavam que tinham que me mandar embora, mas eles enxergavam a realidade. O São Paulo teve a chance de ganhar dois títulos importantes. Com a troca de gestão no final, que acho que se não tivesse acontecido, nossa chance de ganhar era muito grande. Tinha uma relação excelente com o Angioni no Fluminense e com o Fred e o Mário. Isso influenciou em tudo. Aqui sinto isso.
RELAÇÃO COM PEDRINHO
Sempre gostei do Pedrinho e do Felipe. Pedrinho é um tipo de pessoa muito diferente. Talvez o cara que mais mereça sucesso no Vasco seja ele. Todo o sofrimento e dor que sentiu, ele transforma em algo muito positivo. É uma pessoa diferente. Tudo o que penso sobre a vida e o futebol tem uma forte conexão com ele. Ele é uma pessoa muito melhor quando se conhece de perto. Espero de verdade que isso aconteça. Vai acontecer? Não sei. Não sei se estarei vivo daqui a uma semana. Se eu tiver que trabalhar o dia inteiro, eu vou trabalhar. O que eu puder fazer para ajudar o Vasco e o Pedrinho, eu farei.
AVALIAÇÃO DO ELENCO
De maneira geral, ainda está em avaliação. Há um caso ou outro, como o Capasso, que é mais definitivo. Mas Payet, o próprio Coutinho, todos estão sendo observados. Se acharmos que a renovação é importante para o Vasco, ela acontecerá.
COUTINHO, ALEX TEIXEIRA E SOUZA
De Coutinho já falei bastante, é um presente para o Vasco e para o futebol brasileiro tê-lo aqui. É um tipo de jogador que traz muito brilho. Alex jogou em um nível muito alto, às vezes o torcedor pode ficar chateado porque fica com a imagem do grande jogador que foi. Contra mim, no Fluminense, sempre jogou bem. Souza tive menos contato até agora, mas é outro que teve uma carreira extraordinária, com passagem pela seleção, e estava jogando pouco. Tenho menos memória recente dele, mas o passado fala por si. Todos eles eu vou observar e procurar ver quem pode ajudar mais o Vasco.
RELAÇÃO COM TCHÊ TCHÊ
Ele mesmo se colocou como titular, inclusive pela história que tem comigo. É um dos jogadores que mais atuou comigo na carreira. Em alguns momentos, tenho uma iluminação de que faço as coisas de coração. O que faço com os jogadores é o que faço com meus filhos. Se errar, tenho que pedir desculpas e seguir minha vida. Sou rigoroso e consigo ajudar. Todos eles tiveram um momento como o do Tchê Tchê. Faz parte do processo, não é um processo linear. Foi algo que aconteceu e que está totalmente superado, ele conseguiu jogar muito bem, acho que foi uma das melhores partidas dele aqui. E espero que ele seja muito feliz no Vasco.
MUDANÇAS NO CT MOACYR BARBOSA
O pensamento da direção é de melhorias, algumas coisas diferentes da primeira passagem, mas ainda em contêineres. Sabem que de um tempo para cá, houve mudança da prefeitura, luz elétrica. Há uma área molhada que deve inaugurar talvez depois da parada da Copa, todos estão empenhados nesse sentido. Também não acho que seja o ponto central no momento. Há campo para treinar, estrutura que atende o necessário. O principal do Vasco é a estrutura humana. Prefiro um hospital ruim com um médico bom. Seguindo na metáfora, aqui há médicos muito bons. Quando o resultado não vem, acham que todo mundo é ruim por causa do resultado. Sempre insisto que o resultado não deve ser o norteador das avaliações. Quando o momento é ruim, começam a achar defeito em todos os lugares.
MENTAL DO ELENCO DO VASCO
Vou trabalhar trabalhando. É difícil responder (risos). Estou trabalhando no meu limite máximo, conversando com os jogadores, mostrando vídeo. Um momento difícil pode te derrubar ou pode ser um grande trampolim. Temos que nos fortalecer, acho que os jogadores estão entendendo. Eles oscilaram mais para baixo do que para cima, mas tiveram bons momentos também. Repito: tenho muita confiança nos jogadores e na direção. Se a torcida cobrar, temos que saber absorver a cobrança. Todo mundo sabe que a torcida do Vasco é uma força da natureza, nós temos que criar uma conexão com eles.
PRIMEIROS CONTATOS
É difícil responder de maneira prática. Quero responder, mas é difícil. De certa forma, o que aconteceu contra o Vitória também aconteceu contra o Lanús. Mas acho que de um jogo para outro, houve bastante coisa positiva. Temos que melhorar e aprender rápido. Espero que contra o Fortaleza possamos responder bem ou nem precisemos responder, espero que a gente não sofra gol. Vamos buscar melhorar.