Sendo sinceros, ninguém esperava que ele fosse sair quietinho, certo?
Afinal, depois de ser uma figura tão importante no Etihad por uma década, sua despedida não seria silenciosa no fim da linha.
Apesar de Kevin De Bruyne nunca ter gerado manchetes com polêmicas fora de campo, ele criou muitas delas dentro das quatro linhas com seus lampejos de genialidade pelo Man City.
Como na noite de sexta-feira, por exemplo, onde ele se juntou a Lionel Messi como os únicos jogadores a atingir 250 participações em gols sob o comando de Pep Guardiola.
Assim, uma noite que começou com os torcedores surpresos pela admissão de Pep de que ele pode sair ao fim de seu contrato, terminou com todos os olhos voltados para um homem que definitivamente está prestes a partir.
Não por escolha, é verdade. A década de De Bruyne como queridinho do Etihad está chegando ao fim porque seu técnico optou por não lhe oferecer um novo contrato quando o atual expirar.
Mas o triste fato que começa a ser percebido pelos fãs que idolatram o belga a ponto de ele certamente ser o próximo a ganhar uma estátua, é que o tempo está se esgotando.
E De Bruyne, jogando sua penúltima partida no estádio que chama de casa desde 2015, certamente está honrando o velho ditado de sair deixando o público com vontade de ver mais.
Algumas semanas atrás, ele marcou um gol e criou outros três em uma vitória dominante por cinco a zero.
Contra o Wolves, foi com o gol de abertura deliberado, de chapa – embora admitidamente um pouco mascado – que quebrou o empate em um jogo monótono.
A atração principal em uma atuação discreta dos campeões de Guardiola, que de alguma forma superaram mais uma das “finais” que precisam vencer para garantir uma vaga entre os cinco primeiros.
Para ser justo, havia poucos sinais de que conseguiriam até que De Bruyne apareceu, dez minutos antes do intervalo, enquanto o City se esforçava sem muito sucesso.
Os torcedores que se ausentaram nos primeiros seis minutos, em protesto pelo número de anos sem aumento na disponibilidade de ingressos para a temporada, não perderam nada.
Não em termos de lances emocionantes dos campeões dos últimos quatro anos, que agora nem têm certeza de garantir uma vaga na Liga dos Campeões.
Na verdade, a primeira chance séria deveria ter colocado o Wolves na frente, quando Jean-Ricner Bellegarde superou a armadilha de impedimento dentro do campo do City.
Ele poderia ter chutado, mas optou pela opção mais segura de tocar para Marshall Munetsi empurrar para o gol vazio.
Bem, pelo menos deveria ter sido a opção mais segura. Mas Bellegarde exagerou no passe, um Munetsi esticado não teria alcançado nem com pernas extensíveis, e a chance se perdeu.
Um tapa na cara que despertou o City? Bem, foi o gatilho para um lance ainda mais perigoso… mas novamente criado pelos de preto e dourado, não pelos de azul celeste.
Matheus Cunha pode muito bem estar jogando em Manchester regularmente na próxima temporada, se o United investir pesado e o tornar o atacante de destaque que tanto desejam.
Mas ele deu uma amostra do que se pode esperar com uma arrancada em ângulo na área que terminou com a bola caindo para Rayan Ait-Nouri.
O primeiro esforço do argelino voltou na trave, mas seu segundo, no rebote, estava indo para o gol até que Josko Gvardiol a afastou.
Finalmente, finalmente, o City, que tropeçava, engrenou, com Nico O’Reilly forçando uma defesa difícil de Jose Sa com um chute forte.
E então, aos 35 minutos, veio o momento que todos esperavam… do artilheiro que todos rezavam para que fosse ele.
A rápida jogada de Jeremy Doku o levou à linha de fundo, antes de deliberadamente cruzar para o gênio ruivo.
De Bruyne já acertou muitos chutes mais limpos em sua década como queridinho do Etihad, mas este ainda encontrou a rede apesar de quicar primeiro. Quase um gol “mascado”, pode-se dizer.
Mesmo assim, todos valem, e depois de um primeiro tempo que mal foi impressionante, o City ficou muito feliz em aceitar.
Não que isso tenha aberto as comportas ou algo remotamente parecido. Ainda houve muitas chances perigosas para o adversário.
Note-se, nada se comparou à ovação ensurdecedora que deram a De Bruyne quando ele saiu de campo a cinco minutos do fim.
E com razão. Eles não precisavam que lhes dissessem quem os tirou daquela situação mais uma vez.