A polêmica sobre gramados sintéticos ganhou força no futebol brasileiro recentemente. Jogadores expressaram sua oposição a esse tipo de piso, mencionando diferenças no jogo e o risco de lesões. Eles defendem o retorno da grama natural em estádios importantes do país, como o Allianz Parque e a Ligga Arena.
No entanto, essa discussão quase não existe no futebol europeu, especialmente na Champions League. Lá, o uso de grama sintética é raro, e a preferência geral é pela grama natural, considerada ideal para o jogo.
Na Champions League 2024-25, apenas um dos 32 clubes da fase de grupos usava grama sintética em seu estádio: o Young Boys, da Suíça, no Stadion Wankdorf. Os outros 31 clubes jogam em grama natural. Curiosamente, o Young Boys perdeu todos os quatro jogos que disputou em casa nessa edição da Champions, para Aston Villa, Inter de Milão, Atalanta e Estrela Vermelha.
Na temporada passada, quando o Manchester City de Pep Guardiola enfrentou o Young Boys em Berna, Guardiola criticou o gramado sintético em entrevista. Ele afirmou que “campos de grama são melhores que artificiais” e que a preferência pela grama natural é senso comum no futebol de alto nível. Ele também mencionou que a UEFA permite jogos em grama sintética do Young Boys porque o campo atende aos padrões, mas que o City precisou se adaptar, chegando mais cedo para treinar no campo.
Apesar da crítica de Guardiola, o regulamento da Champions League permite o uso de grama sintética, exceto na final, que deve ser em grama natural. A UEFA exige que estádios com grama sintética tenham certificação FIFA Quality Pro. O clube mandante é responsável pela manutenção e segurança do gramado, e deve garantir a qualidade do material e instalação. A UEFA não se responsabiliza por problemas relacionados ao uso de grama sintética.
O uso de grama sintética em alguns estádios europeus se deve principalmente ao clima. Esse tipo de piso seca mais rápido após chuvas e nevascas. Países com invernos rigorosos frequentemente optam pela grama sintética para garantir que o jogo continue sem problemas e evitar que os jogadores escorreguem durante as partidas.
Além do Young Boys, outros clubes que usam grama sintética por causa do clima incluem o Bodo/Glimt, da Noruega, e o Elfsborg, da Suécia. O Bodo/Glimt, inclusive, goleou a Roma por 6 a 1 em casa, na pior derrota da carreira de José Mourinho. Segundo David Ribeiro, treinador do Valerenga, times que jogam no gramado natural enfrentam dificuldades ao jogar em campos sintéticos e com clima adverso na Noruega.
Para o futebol moderno, com foco em posse de bola, tática e técnica, a grama natural é essencial. Um gramado natural de qualidade oferece mais consistência e beneficia os jogadores. Bernardo Silva, do Manchester City, defende a grama natural, afirmando que, apesar da manutenção ser mais difícil, ela é superior para a qualidade do jogo, velocidade da bola e prevenção de lesões.
Especialistas e jogadores debatem qual o melhor tipo de gramado, mas ainda não há consenso. A escolha envolve considerar os custos e desafios de manter a grama natural, especialmente em calendários de jogos intensos e climas variáveis como no Brasil, versus a praticidade da grama sintética, que, apesar de ser mais seca e alterar o rolamento da bola, exige menos manutenção. A discussão sobre o gramado ideal continua sem solução à vista.