Gramado sintético no futebol: o que dizem os estudos sobre lesões
Nos últimos anos, o uso de gramados sintéticos no futebol tem gerado debates intensos entre clubes, jogadores e especialistas. Apesar da resistência de muitos atletas de elite, que argumentam que a superfície artificial afeta a dinâmica do jogo, é importante analisar o que as pesquisas científicas revelam sobre esse tema, especialmente em relação às lesões.
Diversos estudos têm investigado as diferenças entre gramados naturais e sintéticos, focando na frequência e tipos de lesões observadas. Uma meta-análise publicada na revista The Lancet em 2023, que examinou 1.447 estudos, concluiu que a incidência geral de lesões no futebol é menor em gramados sintéticos do que nos naturais.
Uma pesquisa realizada na Major League Soccer (MLS) entre 2013 e 2016 mostrou que a taxa média de lesões por jogo era semelhante entre as duas superfícies. No entanto, notou-se uma maior incidência de lesões no tornozelo e no tendão de Aquiles em gramados sintéticos.
No futebol universitário americano, um estudo baseado em dados da NCAA (2004-2014) indicou que jogadores que treinavam em grama natural tinham um risco 26% maior de lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) em comparação com aqueles que treinavam em gramado sintético.
Jan Ekstrand, em um estudo para a Aspetar, concluiu que a superfície de jogo pode influenciar o tipo de lesão, embora os riscos gerais permaneçam similares. Ele observou um menor risco de distensões musculares em gramados artificiais de nova geração, mas um possível aumento no risco de entorses no tornozelo.
Uma pesquisa sobre esportes colegiais americanos mostrou que lesões do LCA eram mais comuns em gramados sintéticos no futebol feminino e no futebol americano, mas não apresentou diferença significativa no futebol masculino.
Esses estudos sugerem que a relação entre gramados sintéticos e lesões é complexa e não tão direta quanto muitos acreditam. Enquanto alguns padrões de lesões podem variar entre as superfícies, a diferença geral na taxa de lesões não é significativa.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está realizando um estudo sobre a incidência de lesões no Campeonato Brasileiro de 2024, cujos resultados poderão influenciar futuras regulamentações do torneio. Este debate continua relevante para o futuro do futebol, especialmente considerando as preocupações dos jogadores com a dinâmica do jogo em diferentes superfícies.