sex. abr 18th, 2025

Kerolin Nicoli: Da várzea brasileira ao estrelato no Manchester City

Kerolin Nicoli: Da várzea brasileira ao estrelato no Manchester City

O futebol corre nas veias de Kerolin. Crescendo no Brasil, país onde o esporte é parte da identidade nacional, era quase impossível escapar dessa paixão. Porém, para jogadoras mulheres, o caminho até o profissionalismo costuma ser bem mais difícil.

Kerolin é uma exceção à regra. Ela relembra sua formação futebolística nas ruas de São Paulo, jogando descalça com os meninos – algo comum, mas que despertou nela o desejo de ser diferente.

“Jogar com os meninos quando era jovem me ensinou muito”, diz Kerolin, hoje com 25 anos. Ela credita suas raízes na ginga brasileira como fundamentais para a jogadora e pessoa que se tornou. Uma atacante com habilidade de rua, velocidade e força, além de incrível ética de trabalho, tornou a ascensão de Kerolin mais provável que a maioria.

Ela personifica a “alma do futebol”.

“Eu jogava na rua com os meninos, sem nada nos pés, sem chuteiras. Não sei explicar, mas com os dedos de fora, e quando você chuta a bola, dói.”

Kerolin estava convencida. Nem mesmo ser hospitalizada com osteomielite – uma forma de infecção óssea – e celulite na perna aos 11 anos pôde dissuadi-la. Os médicos aconselharam evitar esportes de contato, mas ela persistiu.

A atacante estourou como um talento adolescente na Ponte Preta, time de São Paulo, antes de uma passagem de três anos muito bem-sucedida nos EUA com o North Carolina Courage, terminando a temporada mais recente com 14 participações em gols em 24 jogos.

A internacional brasileira também conquistou o prêmio de Jogadora Mais Valiosa – a primeira sul-americana a vencer o troféu.

Então, por que o Manchester City? “Tenho muitos motivos para querer me mudar para a WSL.”

“Será minha primeira Liga dos Campeões, então isso me deixa muito animada, e o time do City está indo bem. Quero tentar ajudar da melhor maneira possível. Nunca se sabe, talvez eu possa ganhar a Bola de Ouro um dia jogando aqui.”

“A forma como o City joga é semelhante ao meu time nos EUA. Me senti pronta. As jogadoras mais bem ranqueadas sempre estão jogando aqui ou na Espanha, principalmente aqui. Para estar na visão do mundo, pensei: ‘talvez eu precise estar no Reino Unido’.”

Kerolin – que também teve interesse de transferência do Arsenal na janela de janeiro – tem ambições altíssimas. “Quero tentar me tornar a melhor jogadora do mundo”, disse ela ao assinar com o City em janeiro.

E seu estilo, forjado no Brasil e aprimorado nos EUA, combina perfeitamente com o de seu novo clube. O estilo de jogo baseado na posse de bola do City deve fazer com que a transição seja suave.

“Eu sabia o quão grande era o clube, mas quando cheguei fiquei tipo, ‘uau, isso é enorme’. O sonho se tornou realidade, as pessoas, as meninas tornaram tudo muito fácil.”

“Vou dar tudo pelas minhas companheiras de equipe, os torcedores vão ver uma jogadora que trabalha duro em todas as partes do jogo – para defender, para atacar. Ficarei feliz se estiver marcando gols e me divertindo com as meninas, mas também com responsabilidades adequadas.”

“É incrível como as coisas acontecem rápido. O treinador está me dizendo para ir no mano a mano o tempo todo. A forma como o time joga, temos chances de marcar muito, então só quero estar pronta, confiante e fazer tudo com propósito.”

Movimentação sutil e controle de bola que pega os defensores adversários desprevenidos é onde Kerolin se destaca. A camisa 14 jogou apenas 39 minutos na WSL, mas já chamou a atenção. Ela jogou o segundo tempo da vitória do City na Copa da Inglaterra sobre o Leicester no fim de semana, marcando seu primeiro gol pelo clube e comemorando com um gesto de “prazer em conhecê-los” para os torcedores.

Embora haja forte concorrência por uma vaga no time titular de Gareth Taylor, dado o excelente momento de Mary Fowler e a presença de atacantes de classe mundial como Bunny Shaw e Viv Miedema, todos os sinais iniciais são positivos.

“Estou aqui há apenas duas semanas, mas estou feliz porque estou fazendo o que amo.” O enorme sorriso é certamente evidência disso.

O City pode muito bem ter descoberto mais uma joia artilheira.

By Marcelo Lima Rocha

Marcelo Lima Rocha é um repórter carismático de Salvador, conhecido por suas reportagens vibrantes de jogos e investigações aprofundadas sobre corrupção no futebol. Tem mais de 20 anos de experiência em jornalismo esportivo.

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