Com a aproximação da Copa do Mundo de 2026, que será realizada em conjunto por Estados Unidos, Canadá e México, a interação dos países anfitriões com a administração norte-americana se tornou um ponto crucial. O retorno de Donald Trump ao poder presidencial trouxe novas nuances políticas entre as nações, notadamente devido às declarações do presidente sobre o Canadá e sua postura rigorosa em relação à imigração na fronteira com o México.
Nesse contexto, a U.S. Soccer (Federação de Futebol dos Estados Unidos) tem se dedicado a consolidar os vínculos com o governo Trump para assegurar que os preparativos para o evento prossigam sem entraves. JT Batson, CEO da entidade, enfatizou a importância de construir novas relações com autoridades em Washington D.C., incluindo representantes do Departamento de Estado, do Tesouro e da Casa Branca.
Adicionalmente, Trump anunciou recentemente a formação de uma força-tarefa para a Copa do Mundo em parceria com Gianni Infantino, presidente da Fifa. O propósito desse grupo é harmonizar os esforços entre diferentes órgãos governamentais para apoiar a organização do torneio, garantindo aspectos essenciais como segurança, emissão de vistos e logística para visitantes.
Canadá Busca Afirmar sua Identidade
No Canadá, a relação com os Estados Unidos também tem sido acompanhada de perto. Peter Montopoli, líder da organização da Copa no país, declarou que os canadenses estão prontos para reafirmar sua identidade em face da postura do governo Trump.
– Não precisamos ser sempre os canadenses bonzinhos – expressou Montopoli, em um podcast do `The Athletic`, enfatizando que o país almeja se destacar política e esportivamente durante o campeonato.
Ele também ressalta a relevância de o Canadá ser sede do torneio e o impacto significativo que isso terá para a nação e sua população.
– 12 de junho de 2026 (estreia do Canadá na Copa, em Toronto) será um dos dias mais marcantes na história do nosso país, e espero que todos os canadenses abracem esse momento e mostrem ao mundo a nossa presença. Somos uma força positiva para o mundo – concluiu.
Mudança de Percepção Através do México
No México, a Copa do Mundo é encarada como uma chance de transformar a imagem global do país, frequentemente associada à violência e ao narcotráfico. Jurgen Mainka, líder do comitê organizador mexicano, acredita que o evento tem o potencial de renovar a reputação do país, evidenciando sua cultura, história e progresso.
– Sempre que ligo a TV nos EUA, ouço notícias negativas sobre o México. Queremos demonstrar que o país é muito mais que isso – declarou Mainka, também em entrevista ao `The Athletic` via podcast.
Carlos Vela, ex-astro da seleção mexicana, opina que a Copa do Mundo será uma excelente oportunidade para o México exibir sua cultura futebolística e a alegria de seu povo, embora reconheça que o cenário político apresenta desafios.
– O mundo vive uma situação realmente complexa, mas estamos um pouco à parte disso (…) Não focamos nessa situação porque não está em nossas mãos. Precisamos aproveitar a vida e tentar tornar a vida mais fácil para todos – afirmou o jogador do Los Angeles FC, em entrevista ao `The Athletic`.
João Paulo Mendonça