No universo do futebol, certos feitos em campo recebem nomes especiais para destacar sua importância. Marcar dois gols em uma partida já é significativo, enquanto três configuram um memorável “hat-trick”. No entanto, quando um jogador consegue a proeza de balançar as redes quatro vezes em um único jogo, esse feito raro é conhecido como “pôquer” ou “pôquer-trick”. Recentemente, a expressão foi revivida após jogadores como Sorloth, do Atlético de Madrid, e Mané, do Al-Nassr, atingirem essa marca em suas respectivas atuações.
A origem desse termo no vocabulário futebolístico deriva diretamente do pôquer, o famoso jogo de cartas. Nesse jogo, a combinação de “pôquer”, ou “quadra”, que consiste em ter quatro cartas do mesmo valor, é uma das mãos mais fortes e difíceis de conseguir. A adoção do termo no futebol serve como uma analogia perfeita para simbolizar o alto grau de dificuldade e a pouca frequência com que um atleta marca quatro gols em uma mesma partida.
A raridade do pôquer nos gramados
Conquistar um pôquer é, de fato, um evento incomum na história do futebol, especialmente quando consideramos grandes competições.
Na Copa do Mundo, por exemplo, apenas sete jogadores em toda a história alcançaram a marca de quatro ou mais gols em um único jogo. Entre esse seleto grupo está o ícone brasileiro Ademir de Menezes, que registrou um pôquer contra a Suécia na edição de 1950 do torneio.
A Liga dos Campeões da Europa também testemunhou esse feito em poucas ocasiões, totalizando apenas 18 ocorrências ao longo de sua história. Nomes de peso como Messi e Lewandowski aparecem na lista mais de uma vez. O único jogador brasileiro a realizar um pôquer na Champions League foi Luiz Adriano, quando jogava pelo Shakhtar Donetsk, em um jogo contra o BATE Borisov no ano de 2014.

No cenário do futebol nacional, o atacante colombiano Rodallega foi um dos mais recentes a marcar um pôquer no Campeonato Brasileiro. Ele fez todos os quatro gols do Bahia em uma vitória por 4 a 2 sobre o Fortaleza em 2021. Outros nomes que também registraram quatro gols em uma partida recente do Brasileirão incluem Pedro, atuando pelo Flamengo, e Mastriani, quando jogava pelo América-MG.
Roberto Lifschitz, diretor de marketing da Federação Mundial de Poker, comenta sobre a peculiaridade desse acontecimento: “Um poker é um momento raro, independentemente do contexto, seja no pôquer ou no futebol. Em ambos os esportes, é quase uma garantia de vitória”.
A relação entre futebol e pôquer vai além do vocabulário técnico. Muitos jogadores de futebol são notórios entusiastas do esporte de cartas. Neymar, por exemplo, é embaixador de uma proeminente plataforma de poker online desde 2015 e participa ativamente de torneios. Outro caso interessante é o do austríaco Mario Mosböck, que optou por abandonar a carreira no futebol profissional aos 21 anos para se dedicar inteiramente ao pôquer, onde hoje representa uma plataforma de criptomoedas.